O Música Inspira pra mim sempre vai ser um espaço do novo. Explorar o novo em suas diferentes vertentes. Como disse o Tim, do TONGUES., numa entrevista que publicamos nesta semana, “a música transcende“.
Garantir que a nossa manifestação artística seja divulgada, representada também é papel do nosso site. Principalmente aqueles que cantam a realidade, a verdade da nossa sociedade e fazem a dor, o sofrimento e as mazelas do cotidiano virarem poesia.
Yannick Hara começou a carreira lançando músicas na internet. Trabalhou com figuras importante da música como Jimmy Luv, Lei Di Dai, Dj Caique, RDO & 1º CBG (quando antigamente se chamava JPNK), Paulo Júnior, Latin Familia, Bruno Paks, Abstrato Beats (Outro Plano) banda NDK (rock nacional) e inúmeras apresentações em casas que marcam o cotidiano da noite paulistana, como o Caos augusta, Sarajevo e a Funhouse. O cara gravou até participação especial no Popload Sessions, mostrando versatilidade e seu arrojo musical.
E lógico que a gente tinha que falar com ele para conhecer melhor essa figuraça!
- MI: Impossível a gente falar de rap e não falar da inspiração do rap em problemas sociais, logo estamos falando de política. O que você acha que é o nosso gargalo político nessa inércia que a gente tá vivendo?
- A missão do rap no Brasil, em primeiro lugar, é informar as pessoas do que esta acontecendo no País, e ainda há muitos emeces que se importam com política, os que não se importam hoje, um dia se importarão, pois não dá para viver de entretenimento para sempre e nem o tempo todo.
- MI: Podemos falar que o Gigante dormiu ou ele nunca acordou?
- Ele acordou sim, a política do Brasil é muito complexa e para mudar realmente demorará muito, não é da noite para o dia. O principal é que todos nós brasileiros deixemos de ser corruptos, pois somos todos, nós criamos o “jeitinho brasileiro”.
- MI: Quanto mais problemas na sociedade mais inspiração para as músicas, certo? Se não fosse a política você acha que o rap estaria reivindicando o que?
- O rap brasileiro hoje reivindica muitas coisas, só precisamos ser sábios em o que reivindicar. Antigamente era muito mais político, muito mais contundente, era denúncia, era bater de frente com o sistema, era um relato do pobre, do morador da periferia. Hoje, não que ainda não seja porque sei que muitos emeces falam sobre tudo isso, mas o rap como música ele transpôs as camadas sociais, permitiu que o cara que não é pobre, e nem morador da periferia pudesse fazer um rap autêntico também. E quando o rap é bom, não importa daonde ele vem e sim a mensagem que ela passa.
- MI: E como você acha que a música pode ajudar a transmitir a sua mensagem… é politizar a sua mensagem?
- Não só politizar, mas falar de assuntos da vida, como o amor, a dor, a alegria, a tristeza, tudo. O rap tem que falar de tudo.
- MI: Outra coisa que sempre levanta discussão em torno do rap é que as pessoas ainda, infelizmente, criam estereótipos de que o rap é um som de favelado, de pobre… como você entrou no rap e como foi conquistar o seu espaço diante desse preconceito medonho da sociedade?
- Entrei no rap pelo amor que ele me proporcionou e me proporciona. Se eu for falar de preconceito no rap é como o preconceito da vida, sou filho de pai negro e mãe japonesa, lido com isso desde que nasci. O rap é maior que estereótipos, o rap sim nasceu nos guetos e favelas, o rap sim nasceu das camadas mais pobres, mas o rap sim, venceu todas essas barreiras e é tocado mundialmente desde na favela até o condomínio fechado dos ricos.
- MI: Justamente falando sobre esse preconceito como você acha que as pessoas deveriam olhar para o rap?
- Devem olhar como música.
- MI: Quais os desafios que você enfrentou pra se tornar o artista que é hoje?
- “This Is Long Way” como disse Caetano Veloso, o caminho é longo e nada está conquistado. Não me considero um artista, me considero um iniciante à mensageiro. Iniciante, tenho muito o que aprender e estudar, o homem que diz sou, não é.
- MI: Como que você vê a cena atual do rap no Brasil?
- Forte, intensa, está em todo lugar. Só acredito que seja a hora de se misturar mais e mais com outros gêneros musicais brasileiros, porque isso nos traz identidade, não dá para ficar copiando os americanos o tempo todo, é muito chato isso.
- MI: O que te inspira além da música?
- O amor e a dor.
- MI: Quais as 5 músicas que você está ouvindo agora?
- Estou ouvindo muito rap e rock ultimamente. No rap tenho ouvido o Rodrigo Ogi, conhecido como Ogi, a música “HAHAHA” e também a Flora Matos com a música “Canta pra Chamar”. No rock ouço muito a banda Medulla, as músicas “Bom Te Ver” e “Paralelo ao Chão” e também a banda NDK com a música “Missão”.
Toda sorte, man!